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Conceito Percepto Afecto: Com base nesta premissa de três elementos a jogarem em tensão o desenho é estruturado. Nesta tripla tensão, como refere Deleuze, na Carta a Réda Bensmaia, sobre Espinosa, em conversações “… e são precisas as três asas pelo menos para se fazer um estilo, um pássaro de fogo.”1[1] O pássaro de fogo torna-se devir. E, com ele, uma necessidade premente de resposta ao Conceito (novas maneiras de pensar), Percepto (novas maneiras de ver e ouvir, não enquanto percepções, mas enquanto um aglomerado de sensações e relações que sobrevivem à experimentação) e ao Afecto (novas maneiras de experimentar, onde se opera um movimento transformador daquele que por eles passa).
O desenho não se satisfaz apenas a obedecer a esta estrutura mas procura desenhá-la! É neste momento que reconhecemos os corpos, como corpos no limbo à procura de novas vestes, as várias representações das asas, que compõem a fénix, elementos de três figuras entre outros, sem no entanto descurar as frustrações desta procura e daí o aparecimento de outras figuras (as máscaras, narizes, abelhas,…) e a utilização de um outro material, o carvão, para fazer face a esta adversidade, abrindo novos caminhos.
A figura no espaço do desenho assume todo o protagonismo. Esta manifesta-se através de fragmentos das suas características. O todo não interessa!
Do fragmento nascem novas possibilidades, pelo que da repetição das formas, movida por uma necessidade de construção de um mecanismo expressivo (experimentação/erro) surgem novas roupagens que lhes confere um novo sentido.
O desenho alterna-se entre a linha e a mancha, surgindo ocasionais apontamentos de cor, mas nunca para produzir outro resultado que não o de sublimar a figura. A ausência de fundos obedece à intenção de retirar a figura do seu enquadramento narrativo, onde esta se basta a si própria. A utilização de escalas pequenas confere ao desenho um carácter mais intimista, onde a rapidez da sua feitura propõe/sugere uma fluência na sua composição.
Maria Cohen, 2015
[1] Gilles Deleuze, Conversações, Editora 34 Ltda., S. Paulo, Brasil p.205