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“O início deste corpo de imagens dá-se num período de crise criativa em 2008. Um vazio que ficou após o pleno fechar de um ciclo magnífico de vários anos a fotografar o “Ukama Wangu – Família minha”, um trabalho a preto e branco que retrata uma família moçambicana.
Dei comigo com uma sensação permanentemente estranha e subjectiva, vi que tinha esgotado um assunto e uma linguagem que vinha usando por muitos anos.
Tudo se transforma, nada se perde.
Abdiquei então do que já conhecia e o meu incentivo foi seguir. Nada em particular. Não havia um projecto, não havia nada. Novos assuntos e uma nova linguagem a cores.
Sem expectativas, ver o que rodeia, o que se retrata sem pretensões.
Com isto encontrei a naturalidade e tomei consciência do cosmos, a organização da totalidade, do macro e do micro. A força do universo.
Durante estes anos que passaram desenvolve-se a crise económica mundial. Portugal é feito abaixo de lixo nas agências de rating. Sente-se e vê-se que também os portugueses estão abaixo do lixo quando fazem um exame de consciência, da conta bancária e do exemplo que vem de cima.
Uma não realidade que dita a realidade, de fora para dentro e de Nova Iorque para Portugal.
Antes veio o Bernardo Soares com o “Livro do Desassossego” e o texto 123 do qual cito: “Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.””
Tiago da Cunha Ferreira, 2015