
Ceci n’est pas une galerie. É a blague certa para o estúdio do artista, 33 anos: o sofisticado dúplex branco, recuperado com mão de arquitecto e paredes amovíveis, parece uma galeria de arte. Às vezes, entram lá pessoas ao engano. «Este espaço não é um white cube [cubo branco] frio. Já serviu para meditação, pintura, armazém. É mais um laboratório visual que propriamente ateliê» explica. «É o meu sonho desde os 18 anos: um projecto em que a minha vida e o meu trabalho são uma coisa só.» Na altura, Manuel era aluno de Medicina, mas sentia que a sua curiosidade científica não era satisfeita. Estudou Belas-Artes na Central Saint Martins, em Londres, mas está aqui porque, diz «este é o meio cultural que quero transformar.» Cita o músico Herbie Hancock: «O papel de um artista é transformar venenos em remédios.» «Essa é a minha atitude: ao nível da análise histórica das minhas peças, ao nível do lixo que apanho nas ruas e que é a minha matéria-prima; é uma atitude de revalorização de algo não valorizado», afirma. Os exemplos estarão à vista: as imagens feitas com publicidade do metro de Londres, as obras que retrabalham registos de patentes (visíveis na exposição NO©, patente na galeria Edge Arts), os tubos arquitectónicos que são esculturas.
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