In the name of art

By 10/12/2013Media

O projecto Edge Arts da holding The Edge Group, propõe-se a apoiar jovens artistas com a disponibilização de espaços expositivos e internacionalização através de um protocolo com o Arte Institute. Joana Ricou nasceu nos Estados Unidos, mas foi em Portugal que passou a maior parte da sua vida, sendo aí que continua a ter as suas raízes mais fortes. Actualmente vive em Nova Iorque, onde coloca em prática toda a sua formação pela Carnegie Mellon University de Pittsburg. Arte e biologia numa incomum conjugação. Tal como muitos outros artistas, a jovem nunca teve a oportunidade de ter uma exposição a solo em Portugal e apesar do sucesso crecente além-fronteiras – uma das suas peças já figurou na primeira página do Journalof Neuroscience e expõe regularmente no famoso Andy Warhol Museum -, só agora viu cumprido o sonho antigo – a realização de uma exposição individual em Portugal. O Espaço Amoreiras em Lisboa, acolheu a mostra “Um, Nenhum e Cem Mil”, onde Joana recriou uma interdisciplinaridade pouco habitual. “Toda esta exposição é sobre a compartimentação e a descontinuidade da memória. É como se fosse uma pessoa em vários momentos. Estudei aqui a relação com o passado e o futuro. O processo usado foi o da transferência. Tirei fotografias à minha modelo, manipulei-as digitalmente e imprimi cópias. O mais engraçado é que todo o processo artístico de transferência ou pintura é bastante parecido com a formação de memórias. Quando estou a fazer este processo uso um filtro e conscientemente estou a seleccionar informação que quero e não quero guardar. Mas aleatoriamente também vou guardando e perdendo informação. Isto foi muito interessante porque não só estou a estudar biologia, como também o processo da mesma”. Foi através do Edge Arts, projecto cultural com pouco mais de seis meses, que a artista teve a oportunidade de fazer a sua estreia em Portugal. “Estou muito contente que tenham apostado numa pessoa que viesse de longe”, confessa. Do outro lado está José Luís Pinto Basto, um dos fundadores da holding de investimentos The Edge Group, e mentor deste projecto destinado a promover a arte contemporânea. “Somos uma holding de investimentos, essencialmente no sector imobiliário, mas também noutras áreas de capital de risco. Entendemos que dentro dos nossos edifícios, muitas vezes dispúnhamos de espaços com potencial para serem utilizados para eventos culturais. Achamos que não só seria uma pena não aproveitarmos isso para beneficio dos artistas e da sociedade, como também seria interessante para o próprio edifício ter essa actividade cultural. Conjugando esses dois interesses, e muito em linha com o que consideramos ser a postura correcta das empresas de terem uma componente de responsabilidade social, quisemos criar um projecto ligado às artes e que fosse, não apenas mais um espaço disponível na cidade, mas também um apoio aos novos artistas e a novos talentos que eventualmente tenham dificuldade em entrar em circuitos mais comerciais”, refere o empreendedor. Uma ideia que foi crescendo com conta, peso e medida. “Foi um projecto bastante pensado. Falámos com pessoas entendidas no assunto que nos foram ajudar a limar a ideia e a dar-lhe força e percebemos que fazia sentido. Tomámos então a decisão de avançar”. O segundo passo foi escolher a pessoa certa para liderar o projecto. “Acabámos por convencer a Felisa a abraçar este enorme desafio e estamos muito contentes com a escolha que fizemos.” Felisa Perez, Coordenadora Cultural do Edge Arts, encara esta oportunidade como um projecto único e aliciante. “ A grande mais-valia deste trabalho é poder estar a trabalhar tão perto dos artistas. Uma das partes mais bonitas é a visita aos estúdios. Essa pesquisa é muito interessante”. Uma criteriosa pesquisa que tem em conta, não só a selecção de jovens e potenciais artistas, mas também a proximidade dos trabalhos destes aos valores da empresa. “Aquilo que também procuramos é captar, dentro desta óptica de incentivar e apoiar artistas cujo trabalho se relacione de alguma forma com os próprios princípios do grupo. A Joana (Ricou) tem um trabalho que relaciona arte com a ciência e, e deste ponto de vista, além do interesse de investigação científica associada, está também a parte biológica. Uma das áreas de negócio do The Edge Group tem sido a agricultura biológica, com os supermercados Brio. O conceito é esse mesmo: dar oportunidades, mas conciliando sempre com os princípios do próprio grupo.” Mas a projecção destes artistas não passa só por Portugal. “Temos uma parceria desde o início com o Arte Institute (Nova Iorque e São Paulo). É possível assim fazer intercâmbio de artistas e de mensagens culturais. Isso acaba por ser um elemento diferenciador porque permite abrir ainda mais horizontes a estes jovens numa perspectiva de poderem ir até ao Arte Institute. Conseguimos, em conjunto, fechar este triângulo do Atlântico”, revela José Luís Pinto Basto. Outro dos reais objectivos do Edge Arts é a captação de novos públicos. Uma tarefa que não tem sido difícil de cumprir. “Estamos num edifício na Amoreiras, onde as pessoas, muito central, onde as pessoas passam e onde já vêm fazer muitas coisas. Nós complementamos com uma oferta cultural que ajuda a atrair públicos que não vão propositadamente a uma exposição”. Uma espécie de enriquecimento cultural nacional que José Luís deseja continuar a incrementar. “Fala-se muito de crise e realmente estamos a viver uma crise financeira, mas acho que um povo é muito mais pobre se não tiver cultura. A crise financeira resolve-se. Se abandonarmos a cultura tornamo-nos verdadeiramente pobres. Contextualizando este projecto com o período em que estamos, esse se calhar foi um dos incentivos para tomarmos a decisão e investirmos o que fosse necessário para pormos o projecto de pé”. Com três exposições já realizadas (Nuno Vasa, Manuela Pimentel e Joana Ricou), o Edge Arts tem já mais duas exposições na calha, assim como uma série de outras actividades culturais, como conferencias, alguns concertos e cursos à hora do almoço realizados pelos próprios artistas. “Este é um projecto com uma dinâmica que se vai reinventado a ele próprio ao longo do percurso. Vamos aperfeiçoando e vamos entendendo a cada momento o que podemos fazer mais. Tudo vai sendo construído tijolo sobre tijolo. É algo que pode ir muito longe. O céu é o limite”, conclui.

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